– Eu não me lembro direito. – menti.
– Você disse que estava sonhando com o rapaz que te ama. – o ciúme era mais que visível em Nicardo – E pela descrição que você fez o rapaz não era eu.
– Descrição? – ainda não acreditava que havia falado dormindo – Ah, descrição!
– Sim, sim! – Nicardo estava furioso – O rapaz de cabelos castanhos e olhos verdes. Você sabe quem é esse rapaz?
– Quem? – tentei evitar os suspiros. A lembrança do beijo ainda estava muito forte.
– Alexis! – ele respondeu.
– E a primeira vez que você sonha com ele? – Thalassa perguntou, muito calma.
– Acho que não. – respondi tentando me levantar novamente – Apesar de não ter visto o rosto nas outras vezes, acho que esse é o terceiro sonho que tenho com ele.
– E você se lembra dos outros sonhos? – Thalassa estava evitando que Nicardo fizesse as perguntas.
– Eu estou começando a lembrar. – os sonhos começavam a vir em minha mente – Sim, agora eu me lembro!
– Então nos conte! – Thalassa me fez sentar.
– A primeira vez eu estava em um bosque. – comecei a contar o que lembrava – Havia um rapaz no topo de uma árvore. Ele disse que estava esperando por mim, que não lembrava quem ele era, mas lembrava de mim.
– Espere um minuto! – Tales me interrompeu – Você disse bosque?
– Acho que sim. – forcei a mente – Pelo menos parecia um bosque.
– Será que... – Tales franziu a testa.
– O Bosque Perdido! – Cosmo socou a mão.
– Vocês conhecem este lugar? – perguntei.
– Sim! – Tales respondeu – E um bosque encantado. Quem entra lá e não sai em 24 horas acaba se transformando em um ser do bosque. Você não se lembra?
– Eu já estive lá? – perguntei.
– Com exceção do Cosmo, todos nós já estivemos. – Thalassa respondeu.
– Vocês acham que...
– O Alexis pode ter se tornado um ser do bosque? – Tales completou minha frase – Sim. Isso explicaria o fato dele ter se esquecido de quem ele era. Mas ele deveria esquecer você também. Isso é estranho.
– Talvez ele ainda não tenha se transformado por completo! – sugeri – Isso pode acontecer?
– Não sei. – Tales respondeu – Nunca soube como funciona essa transformação. Mas parece uma hipótese plausível. Algum motivo em especial para achar isso?
– Sim! – respirei fundo – O meu segundo sonho.
– O que aconteceu em seu segundo sonho? – Thalassa perguntou.
– Eu estava no mesmo bosque, com um ser esquisito. – tentava me lembrar com clareza – E tinha uma imagem de uma pessoa quase desaparecendo. Não sei explicar, mas u sabia que apenas eu poderia salvar-lo. Talvez isso seja um sinal de que ele ainda possa voltar.
– E o terceiro sonho? – Nicardo perguntou de propósito.
– Esse não foi nada importante. – menti – Só me lembro dele pedindo para que eu o resgate o mais depressa possível.
– Só isso? – Nicardo me olhou feio.
– Que eu me lembre... – fingi desinteresse.
– Acho que devemos resolver isso junto com Neandro. – Thalassa se levantou – Ele é o irmão. Acho que precisa saber disso.
– Nós já estamos indo para a Capital? – perguntei.
– Já estamos chegando. – Cosmo disse da mesa de controle.
– Eu fiquei dormindo por quando tempo? – levantei assustada.
– 1 dia e meio. – Thalassa sorriu.
– Tudo isso? – gritei.
Estava surpresa com o tempo que havia ficado desacordada. Pareceram minutos. Será que haviam acontecido mais coisas em meu sonho? Talvez eu tenha ficado apenas flutuando no nada e descansando.
Minha mente parecia mais leve e meu corpo descansado – fazia tempo que não tinha essa sensação. Eu não estava apenas descansada, eu estava revitalizada. Estava cheia de energia e disposição.
Não demorou muito para chegarmos a tão famosa Capital.
– O lugar está cercado de guardas. – Cosmo disse, ainda dentro do submarino – Vamos esperar um pouco para sair.
– Mas eles não são contra Bianor? – estranhei.
– Mas é melhor prevenir. – ele continuava olhando.
– E até quando ficaremos aqui? – perguntei.
– Até acharmos que é seguro sair! – Cosmo respondeu.
– É melhor assim. – Tales também olhou pelo binóculos do submarino – Não estamos em condições de arriscar.
– Eu quero olhar também! – senti-me uma garota de 12 anos.
Comecei olhando da esquerda para direita. Havia muitas pessoas e todas pareciam bem atentas. Talvez o momento seguro nunca chegasse.
Para um reino que havia ficado contra Bianor, eles estavam muito bem. Pelo menos no porto. Acho que estavam conseguindo se virar muito bem sozinhos.
– Espere! – disse ao avistar uma pessoa – Eu conheço esse homem!
– Que homem? – Tales tomou o binóculos (ou seja lá o que é aquilo). – Mas é o Neandro!
– Neandro? – gritei – O nosso Neandro? Digo, o que nós conhecemos?
– Ele é o único Neandro que existe. – Nicardo ainda estava bravo comigo.
– Então o que estamos esperando? – disse indo em direção a porta do submarino – Vamos logo falar com ele!
Mesmo com um conhecido no local, Cosmo e Tales acharam melhor sair do submarino o mais discretamente possível. Não sabíamos se poderíamos confiar em todos que estavam ali e nem sabemos até onde estávamos seguros.
– Neandro? – Thalassa se aproximou.
– Sim? – ele se virou e arregalou os olhos – Vocês!
– Achou que nunca mais nós veria? – Tales perguntou.
– Honestamente? – Neandro sorriu – Com os últimos acontecimentos, eu achei. Mas que ótimo que estava errado! Eu estava morrendo de saudades de todos!
– Nós também estávamos morrendo de saudades de você! – Thalassa disse com um sorriso aliviado.
– E quem é esse rapaz? Eu não o conheço. – Neandro olhou para Cosmo.
– Esse é Cosmo, ele agora faz parte do grupo. – Thalassa respondeu.
– E sabe lutar? – Neandro perguntou.
– Não muito, mas crio ótimos apetrechos e estou me especializando em magia – Cosmo respondeu constrangido.
– Isso é bom! – Neandro botou a mão no ombro de Cosmo – Nunca sabemos quando iremos precisar de reforços mágicos. E você Beatriz? Encontrou com o Alexis?
– Na verdade era sobre isso que queríamos conversar com você. – Thalassa olhou para os lados – Mas acho que esse não é o melhor lugar.
– Claro. – Neandro notou de imediato que o assunto era serio e sigiloso – Vamos para minha casa. Tenho alguns cavalos sobrando presos aqui no porto.
– Cavalos? – me assustei – Eu não sei. Não sou muito boa em cavalos.
– Deixe de bobagem Beatriz! – Neandro sorriu – Você montava muito bem. Com um pouco mais de treino poderia ser uma perfeita amazona.
– Do que ele está falando? – ri nervosa.
– Nós teremos muita coisa para conversar. – Nicardo fitou Neandro sugerindo que esperasse pela conversa.
Subi em um cavalo não foi uma experiência traumática. E com Nicardo conduzindo me senti um pouco mais segura. Talvez o fato de já ter andado antes tivesse ajudado. A sensação era de que eu nunca havia deixado de montar em minha vida, esmo eu não me lembrando de alguma vez já ter montado em um cavalo.
No caminho Neandro relembrou varias aventuras que vivemos juntos. Contou sobre o dia que eu joguei um balde de água na cabeça do Alexis e em seguida escorreguei e bati com o nariz – coisa que, apesar de não lembrar, é a minha cara – e contou também sobre o dia em que eu derretei um monstro de duas faces. Contou sobre lutas com dragões e um ser de fogo em um trem. Eram tantas coisas que eu não lembrava, tantas situações que ninguém conseguiria esquecer nunca na vida. Por que eu as esqueci?
O tempo passou rápido com a conversa e logo chegamos à casa de Neandro.
A casa era muito familiar. Como se já tivesse morado por ali. A cerca de madeira que rodeava a casa, as montanhas ao fundo, a grande árvore ao lado da casa. Aos poucos eu fui reconhecendo todas as coisas.
– Você... – andei alguns passos a frente deles – Você me deu aula de magia naquelas montanhas. Eu estou lembrando! Eu estou lembrando!
– Espere! – Nicardo correu para o meu lado – O que mais você lembra?
– Eu me lembro de alguém gritando comigo no dia em que cheguei. – fechei os olhos – Lembro de varias pessoas me olhando feio nas ruas e de um lobo imenso com olhos de fogo.
– Lembra de mais coisas? – Thalassa perguntou.
Neste momento uma bela moça de cabelos loiros saia da casa e vinha em nossa direção. Pela primeira vez eu sabia exatamente quem era.
– Linfa! – gritei.
– Beatriz! – ela correu e me abraçou – Você voltou!
– Linfa você está bem! – de repente eu sabia que ela havia sido envenenada. As coisas começaram a surgir em minha mente – É você está mais linda queda última vez que a vi.
– Você também está ótima! – ela sorriu – E gostaria de agradecer a você.
– Sobre o que? – estranhei.
– Soube que você desistiu do seu pedido para poder me salvar e salvar a Rainha Alina. – ela me abraçou novamente – Isso foi o maior ato de bondade que alguém já fez por mim.
– Desculpe... – fiquei constrangida – Eu não me lembro disso.
– Vamos entrar? – Tales percebeu o clima estranho que ficou.
Dentro da casa, mais lembranças. Lembrei de um livro que havia encontrado na estante de livros, de quando a Linfa desmaiou na cozinha, lembrei novamente do lobo. Foi a primeira grande recuperação que tive desde que cheguei.
Nicardo e Thalassa contaram tudo o que havia acontecido comigo nos últimos meses. Nicardo contou sobre as coisas na Terra e sobre me treinar para aprimorar minha magia e fortalecer o meu corpo. Contou sobre a minha perda de memória, sobre os portais que Bianor estava abrindo e sobre a Camila, a Levinda e a Layla.
Thalassa contou à parte que Nicardo não quis contar. Ela falou sobre as anotações de Alexis e a busca pela mãe, assim como o seu desaparecimento – coisa que Neandro já sabia. Ela contou sobre os meus sonhos e sobre a possibilidade de Alexis estar preso no tal bosque e estar se tornando um ser do bosque.
– Isso é muito ruim! – Neandro respirou fundo – Mandar tropas para o bosque é muito arriscado. Se Alexis está se transformando em um ser do bosque corre o risco de nem encontramos. Por que ele sempre faz isso?
– Mas de qualquer forma tínhamos que te avisar. – Thalassa tentava consolar-lo de alguma forma.
– Não, claro, vocês estavam certíssimos! – Neandro se entristeceu – Foi bom eu saber disso.
– Espero que não seja tarde. – Linfa abraçou Neandro.
– Mas uma coisa me intriga. – Neandro fitou o nada e depois voltou a olhar para nós – Por que ele não esqueceu tudo? Por que ele esqueceu apenas de quem ele era? Isso não faz muito sentido.
– Nós acreditamos que essa transformação posso ser gradual. – Cosmo falou.
– Mas ainda assim não faz sentido para mim. – Neandro estava mesmo intrigado – Vou ter que conversar com meu pai para tomarmos alguma providencia. Falarei com ele ainda hoje.
– Mas como andam as coisas por aqui? – Nicardo perguntou.
– Nada boas! – o rosto de Neandro se abrumou – Estamos passando por mementos de muita dificuldade. Estamos fazendo o possível e o impossível para proteger as barreias da Capital. Recebemos alguns reforços de Menelau, mas eles também estão passando por dificuldades. No caso deles e ainda mais grave. O risco de acontecer em Menelau o que aconteceu em Leander é muito grande e acabamos recusando o reforço para o bem do reio deles.
– Mas as coisas estão assim tão ruins? – perguntei.
– Estão. – Neandro assentiu triste – Desde que os reinos de Neide e Calidora se juntaram a Bianor as coisas ficaram quase fora de controle. As tropas de Bianor são muito mais fortes que as nossas e as de Menelau. Se nem Leander, que tinha uma excelente tropa, conseguiu deter-los, será uma questão de tempo até que as nossas tropas não resistam mais.
– Então vocês estão em estado crítico! – Tales se preocupou – Vocês necessitam de um meio para se fortalecerem.
– Mas como encontraríamos esse meio? – Neandro perguntou – Não podemos nos distanciar da Capital, precisamos de toda a tropa aqui. Pensamos em varias formas, mas nenhuma funcional. Pelo menos não com total eficácia. Eu nunca imaginei que diria isso, mas o mundo de Ofir pode estar com os dias contados.
– Não pense assim! – Cosmo tentou animar-lo – Beatriz voltou. Nós temos uma nova esperança.
– Esperem! – eu disse – Ainda não posso ser chamada de esperança. Enquanto não me lembrar de tudo o que aconteceu eu serei inútil para vocês.
– Não! – Nicardo quase gritou – Não viu o que você fez em Calidora? O jeito como você desenvolveu a sua magia?
– E olha como eu terminei? – gritei – Dormindo durante quase 2 dias.
– Mas o Cosmo tem razão! – Neandro se animou – O fato de você estar aqui já é um ótimo motivo para termos esperança. É sinal de que a nova profecia está se cumprindo.
– Eu... Eu não sei. – fitei o chão.
– Quer um copo d’água? – Linfa perguntou.
– Não, obrigada! – respondi.
– Não seja tímida. Tem certeza? – ela me olhou de forma estranha.
– Acho que aceito sim. – fui ver o que ela queria.
– Desculpe te tirar assim de repente, mas é que tinha que te entregar algo antes de você ir embora. – Linfa falou baixou – Tome a água e venha comigo.
Eu me lembrava de absolutamente tudo daquela casa. Cada móvel, cada cômodo, cada corredor. Estava tudo de volta a minha cabeça, como se nunca tivesse saído de lá.
Linfa me levou até o quarto onde eu dormia quando fiquei morando com eles. Novamente todas as informações apareceram em minha mente como se nunca tivessem sido perdidas. Estava tudo igual.
A janela estava aberta e um vento fresco entrava no quarto. Lembrei das noites que passei ali, olhando pela janela a grande árvore e as três belíssimas luas que brilhavam cheias todas as noites. Os móveis estavam do mesmo jeito e até o cheiro parecia igual da época em que dormia ali. A cama que parecia um tronco entalhado continuava a mesma. Deitei e relembrei os velhos tempos.
Ter novamente minhas memórias – mesmo sendo apenas uma parte delas – estava e fazendo muito bem. Parte do peso que eu carregava havia sido tirado quando recobrei as lembranças deste lugar. Foi uma sensação inexplicável e inigualável. Não conseguia nem imaginar como seria quando eu recobrasse toda a minha memória.
Linfa abriu uma gaveta e pegou um pedaço de papel, que estava dobrado ao meio.
– É uma carta! – ela sorriu e me entregou.
Abri a carta e olhei os vários símbolos estranhos. Não consegui entender nada do que estava escrito e tentei demonstrar isso apenas com as minhas expressões de confusão. Surtiu efeito na mesma hora.
– Desculpe! – Linfa tapou o rosto – Acho que você ainda não se lembrou da nossa escrita.
– Se não for incomodar, poderia ler para mim? – sorri.
– É uma carta do Alexis. – ela falou baixo – Ele pediu para te entregar caso você voltasse e algo tivesse acontecido com ele.
– Nossa! Leia! – estava curiosa.
Linfa começou a ler.
Beatriz,
Algo de ruim deve ter acontecido comigo, caso o contrario não estaria lendo essa carta.
Eu fui atrás de minha mãe. Fiz algumas pesquisas e descobri várias pistas de vários possíveis lugares onde ela pode ter sido aprisionada. Eu espero ter conseguido ao menos achar minha mãe no momento em que estiver lendo essa carta, mesmo que não possamos nos encontrar novamente.
Eu queria que você soubesse que toda a minha vida não significava nada até você aparecer. Seu jeito arrogante e prepotente, a forma como me enfrentava e desafiava a própria sorte só me fez te admirar ainda mais. Eu tenho muito orgulho de ter tido a oportunidade de conhecer e me apaixonar por você.
Eu peço desculpas por todas as coisas que eu fiz e disse. Eu fui um estúpido em negar a mim mesmo que estava sentindo algo tão puro e nobre por você. Todas as lembranças, absolutamente todas (das boas as ruins), estarão eternamente guardadas em meu coração.
Queria ao menos ter tido uma chance, apenas uma, para dizer tudo isso a você pessoalmente. Uma chance de poder te pegar nos braços e dizer “Beatriz, sua plebéia insolente, eu te amo!”
Sei que nesse momento você já deve ter se acertado com o Nicardo. Não vou dizer que fiquei feliz por isso porque seria mentira, mas é bom que você esteja sendo cuidada por ele. Apesar das nossas desavenças, ele é um bom rapaz e vai saber fazer-la feliz. Claro que não como eu poderia fazer.
Desculpe se eu não consegui evitar que essa carta chegasse as suas mãos. Mesmo ainda não tendo feito nada, eu juro que tentei fazer o meu melhor (pois é isso que pretendo fazer) para dizer tudo o que estou escrevendo para você.
Eu te amo mais que qualquer outra coisa e tentarei imaginar que você sente o mesmo por mim quando quiser algo para me reconfortar.
Você estará para sempre em minha lembranças e no meu coração.
Alexis
Não tinha notado ainda, mas meus olhos estavam cheios de lágrimas. Estava me sentido um monstro, a mais horrenda e insensível das criaturas. Toda a leveza que havia ganhado quando recobrei parte de minha memória foi substituída pelo peso da culpa. Como eu pude esquecer-me de alguém que me amou tanto? Agora eu entendia perfeitamente o medo de Nicardo em relação ao Alexis.
– Posso olhar? – estava tremula – E-e-essa é a letra d-d-dele?
– Sim! – Linfa também parecia emocionada – Eu mesma o vi escrevendo.
– E como ele estava? – perguntei.
– Exatamente como você está agora. – ela respondeu – Esconda isso, vem vindo alguém!
No mesmo momento bateram na porta. Linfa foi abri enquanto eu escondia a carta dentro do meu short. O que foi um pouco desconfortante, já que o papel pinicava o meu bumbum. Uma quebra total de clima.
– Lembrou de mais alguma coisa? – Nicardo perguntou.
– Apenas do que vivi aqui. – respondi olhando disfarçadamente para o meu traseiro. Aparentemente a carta não estava visível.
– Ao poucos você irá se lembrar. – ele sorriu.
Fiquei em dúvida se contava ou não sobre a carta para Nicardo. Será que ele atrapalharia a minha recuperação por causa disso. Algo me dizia que eu não sentiria mais o mesmo que sinto pelo Nicardo quando recobrasse a memória. Ou melhor, o que eu sentia pelo Nicardo já estava mudando. Acho que não cumpriria a promessa que fiz a ele em Leander. Eu já estava começando a deixar-lo.